Uma névoa púrpura e densa agarrava-se às ruas de Praga enquanto a noite engolia os últimos vestígios do crepúsculo. Dentro de um antigo café adornado com tapeçarias desbotadas e o suave tilintar de talheres, Elijah, um vampiro com a melancolia de séculos em seus olhos âmbar, esperava. Seus dedos longos e pálidos tamborilavam sobre a mesa de madeira escura, a impaciência uma sombra sutil em sua compostura normalmente imperturbável. Ele esperava por Seraphina, uma mortal com uma alma tão vibrante que ele podia quase senti-la pulsar à distância.
Sombras de Praga
Ela chegou como um raio de sol através da penumbra, seus cabelos cor de ébano emoldurando um rosto de beleza surpreendente, os olhos verdes brilhando com inteligência e uma pitada de travessura. Ela usava um vestido de veludo vermelho que parecia absorver a pouca luz ao seu redor, fazendo sua pele pálida brilhar em contraste.
"Desculpe o atraso," ela disse, a voz um sussurro musical enquanto deslizava para a cadeira em frente a ele. "O trânsito estava... infernal."
Elijah ofereceu um meio sorriso, revelando caninos levemente alongados. "O tempo é uma mercadoria da qual tenho infinita abundância, Seraphina."
Ao longo das horas seguintes, eles conversaram sobre arte, história e os mistérios que se escondiam sob a superfície do mundo mortal. Elijah se viu cativado pela paixão de Seraphina pela vida, uma chama que ele há muito pensava ter se extinguido dentro de si. Ela, por sua vez, parecia intrigada pela calma melancólica que emanava dele, pelas histórias não contadas que dançavam em seus olhos.
À medida que a noite avançava, a atmosfera entre eles se tornou mais densa, carregada de uma atração inegável. Os olhares se prolongavam, os toques se tornavam mais demorados. Elijah sabia que estava brincando com fogo. Envolver-se com um mortal era perigoso, para ambos. Sua própria existência era uma maldição, uma solidão eterna pontuada por breves encontros que inevitavelmente terminavam em perda.
Quando a primeira luz da manhã começou a espreitar no horizonte, lançando longas sombras fantasmagóricas pelas ruas, Elijah soube que era hora de partir. Ele se levantou, sua silhueta alta e imponente contra a janela banhada pelo amanhecer.
"Devo ir," ele disse, a voz rouca com uma emoção que ele raramente permitia transparecer.
Seraphina o olhou, seus olhos verdes carregados de uma tristeza silenciosa. "Você vai?"
Ele hesitou, a luta entre o desejo e a razão travando uma batalha dentro dele. "É melhor assim."
Naquela noite, enquanto a lua cheia banhava Praga com seu brilho espectral, Elijah observava Seraphina de longe. Ela estava em seu apartamento, a silhueta esguia visível através da janela iluminada. Ele ansiava por se aproximar, por sentir o calor de sua pele novamente, ouvir o som de sua risada. Mas ele permaneceu nas sombras, um predador solitário atormentado por um amor proibido, sabendo que sua escuridão só poderia consumir a luz dela. E assim, a história de um vampiro e uma mortal se tornou mais um sussurro na tapeçaria da noite eterna de Praga, um conto de desejo e renúncia sob o olhar frio e distante das estrelas.
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